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quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Minha adorada balança

Qual é o nosso problema com os gordos?


Sobre a transformação do padrão de beleza, das rechonchudas musas da Renascença às modelos esquálidas e/ou musculosas de hoje, já se escreveu bastante. A pergunta que me desperta maior interesse não se refere – apenas – ao fato de acharmos as gordas feias, de relacionarmos gordura com feiúra. A questão que mais me intriga é: por que muitos acham as gordas (e os gordos) repugnantes? Se você não disse ou pensou, já ouviu alguém dizer: “olha que gorda nojenta!”.
Horrível. Mas tão comum que nos obriga a ir em frente.

Com todas as diferenças que, para nossa sorte, garantem a diversidade do mundo, somos impelidos a ser politicamente corretos. Fazer piadas com aquelas que foram as vítimas de sempre até não muito tempo atrás, como negros, gays, deficientes etc, pega mal hoje em dia. Temos de ser politicamente corretos ou corremos o risco de ser processados – ou mesmo de acabar na cadeia. Por que o privilégio de não ser ridicularizado não foi estendido aos gordos? Sobre os gordos podem ser ditas as coisas mais cruéis. E ainda se manter do lado certo da força.

O que diz o senso comum sobre os gordos? 

Primeiro, que são feios. Em geral, o máximo de elogio que um gordo consegue arrancar é: “Que pena, tem um rosto tão bonito...”. Dizem que são preguiçosos. Se fizessem exercícios – e como ousar não se exercitar neste mundo? – perderiam aquela pança. Afirma-se também que são sem-vergonhas. Se tivessem vergonha na cara, respeito próprio, fechariam a boca e seriam magros. E, então, poderiam pertencer ao clube dos magros felizes (????!!!!).

Portanto, segundo o senso comum, além de feios e preguiçosos, gordos também teriam falhas de caráter. E, como tudo, para as mulheres acima do peso é ainda pior. Neste mundo em que se compram peitos, bocas e bundas no crediário, soa imperdoável não arrancar a gordura à faca. Já ouvi muitas vezes frases como estas, referindo-se a alguém com mais quilos do que o “permitido”: por que não faz logo uma cirurgia de redução de estômago? Seguida por uma cirurgia reparadora e uma lipoescultura? Simples assim.
Sobre o estado psíquico dos gordos, a percepção é confusa. Por um lado, persiste a ideia de que todo gordo é engraçado. É um pândego. Como bobo da corte ou comediante, ele pode ser aceito. Nós mesmos, só conhecíamos Fabiana Karla como atriz do Zorra Total. Ninguém imaginou que, ainda que fazendo o papel de “gorda”, ela pudesse ter outros recursos que não a graça. Que os gordos mostrem nuances que não virem piada nos surpreende. Que eles possam nos fazer pensar sobre outras dimensões da vida é inesperado. Que tenham questões existenciais que não girem em torno de uma balança é estarrecedor.


Por outro lado, o senso comum também diz que, se é gordo, só pode ser infeliz. A maioria de nós acredita e repete isso. Fulano come demais, é infeliz. Fulano não consegue fechar a boca, é infeliz. Fulano compensa a infelicidade comendo. Ora, desde quando magreza se tornou sinônimo de felicidade? Você, magro ou magra, é loucamente feliz? Está rolando de rir vida afora? Ops, magros não rolam.

O mais disfarçado dos preconceitos vem embalado pelo discurso da saúde. É verdade que a obesidade está crescendo no Brasil. E é verdade que isso é sério. E é legítimo e relevante pensar e discutir o fenômeno com responsabilidade.

Mas será que não há um exagero nisso? Ou pelo menos do uso preconceituoso que se faz de uma questão tão séria? Hoje, quando olham para um gordo, além de feio, preguiçoso e sem-vergonha, muitos enxergam também um doente. Gordura virou sinônimo de doença. E nossa sociedade, que morre de medo de morrer, foge da doença. E das pessoas doentes. Os gordos parecem ser os leprosos de nosso tempo. E esta seria minha primeira hipótese para a repugnância que as pessoas gordas parecem evocar.

(Por ELIANE BRUM)

A Hora da Virada



Não é de hoje a discussão da padronização de tamanho na indústria. Mas com a onda da moda plus size, a polêmica esquentou.
"É muito difícil saber qual é o seu tamanho. Eu visto 46, mas em algumas lojas de departamento nem o 48 me serve. E em lojas de gordinhas, eu sou considerada magra. E aí o 44 fica grande". Quem conta é Beth Viveiros, sócia da marca de camisetas Ilus3, que resolveu lutar contra o drama do guarda-roupa enfrentado por ela e amigas - que não são gordas, mas não conseguem vestir o que há no mercado.

"Quero looks bacanas que caibam nas pessoas", explica. "Se você olhar nas lojas para gordinhas, só encontra viscose, roupas caretas e 'tipo lençol'. No Brás, que fez uma campanha de moda plus size, a qualidade é horrorosa".

"A ideia é fazer algumas peças essenciais para o dia a dia, mas do tamanho certo. Estamos pesquisando o que é vendido lá fora, mas precisamos da colaboração das meninas para descobrir como se veste esse público," clama. "Não adianta ficar pensando em modelos plus size, que têm bunda enorme e uma cinturinha de pilão. É muito irreal".
Fonte: Chic


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