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quinta-feira, 7 de outubro de 2010

A escolha do seu Par

Há trinta anos, os adolescentes encontravam o
sexo oposto em bailes de salão organizados por
clubes, igrejas ou pais responsáveis preocupados
com o sucesso reprodutivo de seus rebentos.

Na dança de salão o homem tem uma série de obrigações, como cuidar da mulher, planejar o rumo, variar os passos, segurar com firmeza e orientar delicadamente o corpo de uma mulher. Homens levam três vezes mais tempo para aprender a dançar do que mulheres. Não que eles sejam menos inteligentes, mas porque têm muito mais funções a executar. Essa sobrecarga em cima do homem permite à mulher avaliar rapidamente a inteligência do seu par, a sua capacidade de planejamento, a sua reação em situações de stress. A mulher só precisa acompanhá-lo. Ela pode dedicar seu tempo exclusivamente à tarefa de avaliação do homem.

Uma mulher precisa de muito mais informações do que um homem para se apaixonar, e a dança permitia a ela avaliar o homem na delicadeza do trato, na firmeza da condução, no carinho do toque, no companheirismo e no significado que ele dava ao seu par. Ela podia analisar como o homem lidava com o fracasso, quando inadvertidamente dava uma pisada no seu pé. Podia ver como ele se desculpava, se é que se desculpava, ou se era do tipo que culpava os outros.

Essa convenção social de antigamente permitia ao sexo feminino avaliar numa única noite vinte rapazes entre os 500 presentes num grande baile. As mulheres faziam um verdadeiro teste psicológico, físico e social de um futuro marido e obtinham o que poucos testes psicológicos revelam. Em poucos minutos conseguiam ter uma primeira noção de inteligência, criatividade, coordenação, tato, carinho, cooperação, paciência, perseverança e liderança de um futuro par.

Infelizmente, perdemos esse costume porque se começou a considerar a dança de salão uma submissão da mulher ao poder do homem, porque era o homem quem convidava e conduzia a mulher.


Criaram o disco dancing, em que homem e mulher dançam separados, o homem não mais conduz nem sequer toca no corpo da mulher. O som é tão elevado que nem dá para conversar, os usuais 130 decibéis nem permitem algum tipo de interação entre os sexos.

Por isso, os jovens criaram o costume de "ficar", o que permite a uma garota conhecer, pelo menos, um homem por noite sem compromisso, em vez de conhecer vinte rapazes numa noite, também sem compromissos maiores.

Pior: hoje o primeiro contato de fato de um rapaz com o corpo de uma mulher é no ato sexual, e no início é um desastre. Acabam fazendo sexo mecanicamente em vez de romanticamente como a extensão natural de um tango ou bolero. Grandes dançarinos são grandes amantes, e não é por coincidência que mulheres adoram homens que realmente sabem dançar e se apaixonam facilmente por eles.

Masculinizamos as mulheres no disco dancing em vez de tornar os homens mais sensíveis, carinhosos e preocupados com o trato do corpo da mulher. Não é por acaso que aumentou a violência no mundo, especialmente a violência contra as mulheres. Não é à toa que perdemos o romantismo, o companheirismo e a cooperação entre os sexos.

Hoje, uma garota ou um rapaz tem de escolher o seu par num grupo muito restrito de pretendentes, e com pouca informação de ambas as partes, ao contrário de antigamente.
Eu não acredito que homens virem monstros e mulheres virem megeras depois de casados. As pessoas mudam muito pouco ao longo da vida, na realidade elas continuam a ser o que eram antes de se casar. Você é que não percebeu, ou não soube avaliar, porque perdemos os mecanismos de antigamente de seleção a partir de um grupo enorme de possíveis candidatos.

Fico feliz ao notar a volta da dança de salão, dos cursos de forró, tango e bolero, em que novamente os dois sexos dançam juntos, colados e em harmonia. Entre o olhar interessado e o "ficar" descompromissado, eliminamos infelizmente uma importante etapa social que era dançar, costume de todos os povos desde o início dos tempos.

Se você for mãe de um filho, ajude a reintroduzir a dança de salão nos clubes, nas festas e nas igrejas, para que homens aprendam a lidar com carinho com o corpo de uma mulher.
Se você for mãe de uma filha, devolva a ela a oportunidade que seus pais lhe deram, em vez de deixar sua filha surda, casada com um brutamontes, confuso e isensível idiota.

 ( Por Stephen Kanitz)



É lei: Dança de Salão, Patrimônio Imaterial do RJ


Agora é lei, a dança de salão, que reúne a prática de diferentes ritmos, passou a ser considerada Patrimônio Imaterial no Estado do Rio de Janeiro. É o que garante a lei 5.828, de autoria do deputado Alessandro Molon, que foi publicada no Diário Oficial do Executivo desta quarta-feira (22/09). Com isso, a dança de salão garante o registro de suas peculiaridades e estímulo à sua prática. O autor do projeto, presidente da Comissão de Cultura da Casa, afirma que a medida reconhece o esforço dos praticantes da modalidade: “A dança de salão, com este reconhecimento, poderá ser mais apoiada”.
A finalidade de tornar a dança de salão patrimônio imaterial do RJ, de acordo com Molon, é reconhecer, oficialmente, essa manifestação cultural praticada há mais de 200 anos no Estado, trazida pelos europeus que aqui chegaram com suas tradições e culturas. Em trecho da justificativa do projeto, ele diz: “desde os tempos do Império em todos os salões da Corte, a dança é, até os dias de hoje, fonte de lazer e arte, em festas, reuniões e salões da nossa sociedade. É, pois, um patrimônio vivo, dinâmico e bem cultural intangível do povo fluminense”.
Fonte: Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro e Instituto Ágora
Faz tempinho que li esse texto do Knatz e o trouxe à tona com um certo gostinho de nostalgia. Embora eu seja de uma geração de "bailinhos na garagem de casa"  nesses ainda haviam dança de rostinho colado. Hoje, você pode reparar, os rapazes e as moças nem sabem dançar juntos mais. Quer um exemplo? É só assistir ao momento da dança no programa do Rodrigo Faro, o Melhor do Brasil!
Agora vamos ver se o Rio de Janeiro resgata esse tempo que foi perdido, embora eu ainda ache que o funk e o carnaval irão abafar essa iniciativa.


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